O Ministério Público de Mato Grosso tem participado ativamente de debates públicos visando aprimorar o transporte coletivo, as vias e o fluxo de pedestres e veículos em Cuiabá. Recentemente foi agendada uma audiência para discutir os impactos de grandes intervenções viárias que ocorrem simultaneamente na capital. As obras incluem BRT, reformas de viadutos e construções de trincheiras, todas situações que alteram o cotidiano de quem circula pela cidade. O objetivo central é ouvir sugestões da população, especialistas e órgãos públicos para formular um plano que reduza transtornos, sobretudo considerando que os trabalhos devem se estender até 2026.
Essas intervenções visam, entre outros aspectos, melhorar a circulação nas avenidas estruturais mais afetadas. Moradores reclamam de congestionamentos constantes, dificuldades de estacionamento, calçadas inadequadas, pontos de ônibus sem cobertura e mobilidade reduzida para ciclistas e pessoas com deficiência. Os servidores públicos responsáveis já realizaram diagnóstico preliminar e estão na fase de coleta de sugestões. Cada proposta recebida será integrada ao planejamento institucional, de modo que as soluções se ajustem à realidade urbana e aos direitos de locomoção.
Um ponto importante levantado é a necessidade de articulação entre diferentes secretarias e conselhos, além de instituições técnicas. A comissão técnica criada para acompanhar estudos integra representação da Semob, da infraestrutura estadual, de entidades de planejamento urbano, de instituições acadêmicas e do setor produtivo. Esse alinhamento institucional permite que decisões sejam mais embasadas e que o planejamento contemple terrenos, expansão urbana, drenagem, qualidade das vias e acessos de forma integrada.
Outro aspecto relevante é a participação popular. A sociedade civil terá voz para apontar prioridades, identificar pontos críticos e sugerir intervenções. Na audiência pública está garantido espaço para que os cidadãos relatem os reflexos das obras no seu dia a dia. Essa escuta contribui para que o desenho final das intervenções atenda às necessidades reais, como trajetos mais curtos, menor tempo de espera no transporte, mais segurança e qualidade para pedestres.
Os impactos durante as obras são inevitáveis, mas há alternativas para mitigar prejuízos. Medidas como ajustes nos desvios de tráfego, ampliação de faixas alternativas, sinalização eficiente e comunicação clara sobre prazos e cronograma ajudam a diminuir o desconforto. Também é possível escalonar obras de modo que o fechamento de vias não paralise completamente áreas importantes da cidade, respeitando horários e fluxos de pico.
Infraestrutura de transporte público aparece nas propostas como parte essencial da solução. Melhorias nas frotas, modernização de terminais, integrações entre modais, maior oferta nos horários críticos são demandas já destacadas. Há ainda foco nas vias de acesso, vias laterais, calçadas e acessos seguros, que favorecem tanto quem depende de transporte coletivo quanto quem caminha ou usa meios não motorizados.
Em paralelo, a modernização do sistema viário precisa acompanhar o crescimento urbano. Obras estruturantes, como viadutos e trincheiras, devem considerar não só o alívio imediato de congestionamentos mas também futuro uso, manutenção, drenagem, acessibilidade e impacto ambiental. Um plano robusto evita que intervenções sejam feitas de forma isolada, prevenindo que novos gargalos surjam assim que obras antigas sejam concluídas.
Finalmente, avaliar resultados se torna indispensável para garantir que tudo faça sentido. Monitoramento contínuo do tráfego, medições do tempo médio de deslocamento, qualidade de vida, redução de acidentes, satisfação dos usuários do transporte público, impacto sobre usuários particulares são métricas que precisam entrar no balanço. Com esse tipo de acompanhamento é possível ajustar rotas ou intervenções antes que problemas graves se consolidem, assegurando que a população usufrua efetivamente das melhorias planejadas.
Autor: Abidan Banise