A seleção de filmes para acervos e linhas de financiamento é uma tarefa estratégica que envolve sensibilidade curatorial e visão crítica. Segundo Gustavo Beck, consultor e curador com atuação em mais de 25 países, esse processo exige a mediação entre o valor artístico das obras e os objetivos institucionais de quem organiza ou financia o cinema.
Com experiência como consultor para arquivos, cinematecas, festivais e fundos internacionais, Gustavo Beck afirma que a consultoria especializada em cinema é hoje uma atividade-chave para garantir diversidade, relevância histórica e inovação estética nas programações e catálogos ao redor do mundo.
O papel do consultor na curadoria institucional
De acordo com Gustavo Beck, o trabalho de consultoria começa com o entendimento profundo das diretrizes de cada instituição. Arquivos nacionais buscam, por exemplo, preservar obras que representem a memória cultural de um país, enquanto cinematecas podem priorizar descobertas raras, restauros inéditos ou retrospectivas autorais.
O consultor atua como ponte entre o universo de realizadores e o escopo de atuação das instituições. Para isso, é necessário amplo repertório cinematográfico, conhecimento histórico e domínio de questões técnicas, como formatos, direitos e conservação.
Fundos internacionais e critérios de seleção
Conforme explica Gustavo Beck, os fundos internacionais de fomento a projetos audiovisuais avaliam os filmes com base em múltiplos critérios: originalidade, viabilidade de produção, impacto cultural e potencial de circulação. O consultor colabora nesses processos como avaliador externo, membro de júris ou orientador de projetos em laboratórios e mercados de coprodução.

A curadoria como prática crítica e institucional
Para Gustavo Beck, a consultoria vai além da seleção de filmes: ela implica responsabilidade crítica. Um consultor precisa estar atento a questões como representatividade, inovação formal e relevância sociopolítica das obras. Ao influenciar quais filmes chegam ao público e em quais contextos, a curadoria se torna também um gesto político e pedagógico.
O consultor contribui para moldar a paisagem audiovisual contemporânea, ajudando instituições a construir narrativas coerentes, plurais e de longo alcance.
Desafios da consultoria internacional em cinema
A atuação em escala global exige do consultor capacidade de transitar por diferentes culturas cinematográficas, entender dinâmicas locais e dialogar com cineastas de distintas formações. Conforme aponta Gustavo Beck, isso demanda escuta atenta, sensibilidade intercultural e constante atualização profissional.
Outro desafio é equilibrar critérios objetivos de avaliação com a abertura ao risco e à experimentação, fundamentais para que novos autores e linguagens tenham espaço nas telas e nas prateleiras.
A consultoria em cinema é uma atividade estratégica e essencial para garantir curadorias bem fundamentadas, linhas de financiamento mais justas e acervos que representem a riqueza do cinema mundial. Segundo Gustavo Beck, o papel do consultor é, sobretudo, o de um mediador sensível entre a criação e a preservação, entre a potência dos filmes e os contextos onde eles ganham vida.
Autor: Abidan Banise